segunda-feira, 26 de setembro de 2016

O fado é triste e triunfante



O Fado é assim, pesado e amargo
Cantem fadistas com este sentimento
Degustem as lágrimas, sabor salgado
Não deem lugar ao fingimento

Perfurado por uma lança
Espetada por quem te ama
O fado é assim, não se dança
É Amor que arde numa chama

Venha dai esse sofrimento
Quero vê-lo bem às claras
Sou um forcado sem alento
Mas tomo o toro de caras

Triste é este mundo de traição
Pesado e sem sentido
Que grande a dor de coração
A repentina estocada dum amigo

Sou assim, ingénuo e confiante
Alma simples, coração puro
Tu traidor e dominante
De coração frio e duro

No vinho tinto como o sangue
As tuas traições afogarei
Mas como o magoado amante
Com o fado, triunfarei


A Traição



Com um copo na mão
Sentado e cansado
Com o pesar da traição
Onde estais valores do passado?

Quem já não sofreu este pesar
Que nos leva à loucura
O que me leva a pensar
Se haverá uma mente pura

Ah, senta-te aqui amigo traidor
E bebe um copinho comigo
Desta vida eu quero o melhor
Não quero estar fingindo

Por isso eu vou-te perdoar
A tua facada nas costas
Mas sempre me vou lembrar
Que te atraiçoa quem tu mais gostas

Amanhã eu morro e tu também
Mas parto com a mente limpa
Com vim ao mundo, sem vintém
É bom ter coração que não minta

Pensa meu amigo naquilo que fizestes
Com o teu copo à minha frente
Fala bem e bem amanheces

Falaremos no que vai na mente

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

será que é do vinho, que é mau?

será que é do vinho, que é mau?


estas noites sem ti
respirando suavemente a meu lado
sem o teu cheiro, o teu calor

nestas noites, não dormi
lembrando coisas do passado
nas entranhas, um ardor

bebo um copo, e estás lá
eu na mesa, só, explodindo de emoção
ferido, torturado, despojado, abandonado,
rezo por ti, pela tua proteção

bebo muito, bebo pouco e paro
uma angustia que a ninguém desejo
será que o meu mau agora pago
enxotado, só, para este lugarejo

meu Deus, meu Deus
peço aos céus
rezo eu e o meu vinho
protege o meu amor
mesmo que eu fique sozinho

Ah, quando alegremente bebias comigo
Plenitude, amor sem fim
Eu repleto, completo, de paixão perdido
Eu para ti e tu para mim

Bebo, bebo e não passa
Será que o vinho é mau?