Ontem bebi um vinho engraçado
Tinha um cheiro a sabor de lembranças de estábulo de vacas
Surgiram-me memórias do trabalho nas vinhas, no antigamente,
da terra a mover-se em leivas atrás da charrua,
dos animais cansados
e todos cansados
voltando para casa
o cheiro a feno fresco e refrescante
e o som dos cascos vagarosos da parelha a entrar para a refeição nocturna
os badalos a meio da noite
o som do ruminar
Gostei
"Come, fill the Cup, and in the fire of Spring Your Winter-garment of Repentance fling: The Bird of Time has but a little way To flutter--and the Bird is on the Wing." Omar Khayyam O vinho, ou tudo o que bebemos (recebemos) é algo pelo que temos de estar agradecidos. Tudo nos deve fazer feliz como o vinho que bebemos.
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
terça-feira, 18 de agosto de 2009
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Nestes dias, há alguns anos atrás
Por estes dias
há quantos anos atrás
sem pedires
nem dizeres
duma forma irreal
como num sonho infernal
fizeste-me isto
deixando-me cansado de desejar-te
sei tudo
sei que nunca mais virás
sei que nunca mais serás
mas vejo-te nos meus braços à noite
mas levanto-me e desperto-me pela manhã
à noite vejo-te do outro lado da mesa
aquela de que gostavas,
sorrindo e com o teu copo preferido
e bebo contigo
e levo-te comigo
e dormes nos meus braços
...
há quantos anos atrás
sem pedires
nem dizeres
duma forma irreal
como num sonho infernal
fizeste-me isto
deixando-me cansado de desejar-te
sei tudo
sei que nunca mais virás
sei que nunca mais serás
mas vejo-te nos meus braços à noite
mas levanto-me e desperto-me pela manhã
à noite vejo-te do outro lado da mesa
aquela de que gostavas,
sorrindo e com o teu copo preferido
e bebo contigo
e levo-te comigo
e dormes nos meus braços
...
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
O teu cheiro a coco
A nossa conversa acaba
com o despertar da alvorada
O rio calmo reflecte esta tua e minha alma
Deita-se por detrás das nuvens
tocando no mar, uma lua repleta e amarela
Mas
o teu cheiro a coco
confunde-me o meu cheirar
tinha tudo, menos um
com o despertar da alvorada
O rio calmo reflecte esta tua e minha alma
Deita-se por detrás das nuvens
tocando no mar, uma lua repleta e amarela
Mas
o teu cheiro a coco
confunde-me o meu cheirar
tinha tudo, menos um
Uma ténue fragrância
O teu sorriso brilha
na noite quente
a esteva
o eucalipto
e a terra
cheiram-me e tu cheiras como eles
beijo a lua cheia que brilha no teu ombro
Ao de leve,
uma ténue fragrância do resto de vinho
que se afirma na caneca aos teus pés,
tão radiante como tu,
nesta lua,
está o meu coração
na noite quente
a esteva
o eucalipto
e a terra
cheiram-me e tu cheiras como eles
beijo a lua cheia que brilha no teu ombro
Ao de leve,
uma ténue fragrância do resto de vinho
que se afirma na caneca aos teus pés,
tão radiante como tu,
nesta lua,
está o meu coração
The pain of mortality
This life of mine
like any other
will soon be over
After writing, or before
As I seat in awe of all the details,
Of the All and of the Nothing
I miss the millions of lightg years
I wish I could have travelled,
Not having this,
Not knowing all this,
I suspire
and drink to ease the pain of mortality
like any other
will soon be over
After writing, or before
As I seat in awe of all the details,
Of the All and of the Nothing
I miss the millions of lightg years
I wish I could have travelled,
Not having this,
Not knowing all this,
I suspire
and drink to ease the pain of mortality
terça-feira, 4 de agosto de 2009
O Bebado Pintor
O Bebado Pintor
Encostado sem brio ao balcão da taberna
De nauseabunda cor e tábua carcomida
O bêbado pintor a lápis desenhou
O retrato fiel duma mulher perdida
Era noite invernosa e o vento desabrido
Num louco galopar ferozmente rugia,
Vergastando os pinhais, pelos campos corria,
Como um triste grilheta ao degredo fugido.
Num antro pestilento, infame e corrompido,
Imagem de bordel, cenário de caverna,
Vendia-se veneno à luz duma lanterna
À turba que se mata, ingerindo aguardente,
Estava um jovem pintor, atrofiando a mente,
Encostado sem brio ao balcão da taberna.
Rameiras das banais, num doido desafio,
Exploravam do artista a sua parca féria,
E ele na embriaguez do vinho e da miséria,
Cedia às tentações daquele mulherio.
Nem mesmo a própria luz nem mesmo o próprio frio,
Daquele vazadouro onde se queima a vida,
Faziam incutir à corja pervertida,
Um sentimento bom damor e compaixão,
Plo ébrio que encostava a fronte ao vil balcão,
De nauseabunda cor e tábua carcomida.
Impudica mulher, perante o vil bulício
De copos tilintando e de boçais gracejos,
Agarrou-se ao rapaz, cobrindo-o de beijos,
Perguntando a sorrir, qual era o seu oficio,
Ele a cambalear, fazendo um sacrifício,
Lhe diz a profissão em que se iniciou,
Ela escutando tal, pedindo-lhe alcançou
Que então lhe desenhasse o rosto provocante,
E num sujo papel, o rosto da bacante
O bêbado pintor com um lápis desenhou.
Retocou o perfil e por baixo escreveu,
Numa legível letra o seu modesto nome,
Que um ébrio esfarrapado, com o rosto cheio de fome,
Com voz rascante e rouca à desgraçada leu,
Esta, louca de dor, para o jovem correu,
E beijando-lhe o rosto, abraço-o de seguida...
Era a mãe do pintor, e a turba comovida,
Pasma ante aquele quadro, original, estranho,
Enquanto o pobre artista amarfanha o desenho:
O retrato fiel duma mulher perdida.
Encostado sem brio ao balcão da taberna
De nauseabunda cor e tábua carcomida
O bêbado pintor a lápis desenhou
O retrato fiel duma mulher perdida
Era noite invernosa e o vento desabrido
Num louco galopar ferozmente rugia,
Vergastando os pinhais, pelos campos corria,
Como um triste grilheta ao degredo fugido.
Num antro pestilento, infame e corrompido,
Imagem de bordel, cenário de caverna,
Vendia-se veneno à luz duma lanterna
À turba que se mata, ingerindo aguardente,
Estava um jovem pintor, atrofiando a mente,
Encostado sem brio ao balcão da taberna.
Rameiras das banais, num doido desafio,
Exploravam do artista a sua parca féria,
E ele na embriaguez do vinho e da miséria,
Cedia às tentações daquele mulherio.
Nem mesmo a própria luz nem mesmo o próprio frio,
Daquele vazadouro onde se queima a vida,
Faziam incutir à corja pervertida,
Um sentimento bom damor e compaixão,
Plo ébrio que encostava a fronte ao vil balcão,
De nauseabunda cor e tábua carcomida.
Impudica mulher, perante o vil bulício
De copos tilintando e de boçais gracejos,
Agarrou-se ao rapaz, cobrindo-o de beijos,
Perguntando a sorrir, qual era o seu oficio,
Ele a cambalear, fazendo um sacrifício,
Lhe diz a profissão em que se iniciou,
Ela escutando tal, pedindo-lhe alcançou
Que então lhe desenhasse o rosto provocante,
E num sujo papel, o rosto da bacante
O bêbado pintor com um lápis desenhou.
Retocou o perfil e por baixo escreveu,
Numa legível letra o seu modesto nome,
Que um ébrio esfarrapado, com o rosto cheio de fome,
Com voz rascante e rouca à desgraçada leu,
Esta, louca de dor, para o jovem correu,
E beijando-lhe o rosto, abraço-o de seguida...
Era a mãe do pintor, e a turba comovida,
Pasma ante aquele quadro, original, estranho,
Enquanto o pobre artista amarfanha o desenho:
O retrato fiel duma mulher perdida.
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